domingo, 29 de junho de 2008

Domingo

Hoje me deparei com uma cena inusitada. Saí pra passear nesse domingo ensolarado, onde as pessoas estão todas felizes, afinal, é tempo de festa junina. Tempo de comprar e tempo de vender, mais uma ocasião de comércio. Sentei em uma praça, (sem querer), em frente a um parque de diversões, desses comuns, com balança, gangorra e gira-gira. Ali vi o mundo passar diante dos meus olhos. Casais felizes a brincar com suas crianças, pais e mães dividindo as tarefas da educação. Porém, duas cenas me chamaram a atenção. Um pai que produzia bolinhas de sabão para sua filha enquanto essa corria atrás delas tentando alcançá-las. Cena de beleza indescritível, os dois sorriam o tempo todo. A mãe, ao lado dos dois, só observava, assim como eu, e também ria, ria muito, ria um riso terapêutico. Do outro lado, mas no mesmo cenário, um senhor, com seus mais de 70 anos, vestido como bons homens da década de 1930, chapéu, calça social, sapato, camisa e colete azul, bengala em punho e sorriso no rosto. Entra no locus sacer onde as crianças, com seus pais, brincavam. Mergulha no mundo delas. Sem pedir licença e sem protocolos, possuindo a pureza das outras crianças, começa também a brincar. Gira um menino no brincando que fora feito pra esse fim, o menino ri para aquele estranho de rugas no rosto, sem palavras louva a sua senilidade, e sem saber devolve a vida, a muito vivida, à aquele simples e já cansado homem. Depois de feita a alegria de ambos, senhor e criança, o senhor sai, se aproxima de uma menina, sozinha ao balanço e começa a participar do sonho e do desejo dela, voar, mesmo que na imaginação, voar.... O velho como Dédalo para Icaro, dá asas a menina e à sua imaginação, Ela, prontamente acaricia a face cansada daquele senhor com o mais puro dos sorrisos, o sorriso de criança. E ambos viajam em sua imaginação. A do velho, uma imaginação nostálgica, a da menina uma imaginação em formação, em construção que acredita ser realidade aquilo que para o velho é passado saudoso. Cenas mágicas, cenas únicas, que me fizeram desejar saber pintar, para eternizar esses dois momentos, de beleza rara, em uma tela, tão bela como os risos que recebi. Risos que me acariciaram a alma e a fizeram repousar...

5 comentários:

Kamila Babiuki disse...

Somente a beleza e asimplicidade de uma croança pra fazer reconhcer as coisas belas da vida.

Unknown disse...

É bom ver que ainda passando pelo stress que a vida hoje leva as pessoas a sofrerem ainda existem pessoas como voce Paulo que apreciam coisas pequenas, cenas que por muita gente passam despercebido, eu admiro quem admira a vida no seu simples, sem futilidades !!

Paulo disse...

Nossa, Obrigado Kamila, Obrigado Marina!!!!
Estou sem palavrasm jurava que ninguém entenderia as coisas que escrevi...
Vocês são surpriendentes, ambas pegaram a essencia do que pretendia dizer!!
Amo-as profundamente!

Felipe Corinthians disse...

Aaah se alguém tivesse um máquina de fotografias em mãos...hahahahaha

Anônimo disse...

Essa natureza humana
que brinca com o homem
Amar e tristeza
Essa antítese fascinante.

somente em palavras registramos o que a nossa alma em forma de letras traduz...

a simplicidade é cumplice da felicidade...

parabéns pelos textos e poesias