domingo, 28 de dezembro de 2008

Lágrimas cristalinas

Descem pela encosta

Encosta em mim e mostra

Como é bela a vida pueril.


Paulo Hejel

A ponta

A felicidade desponta

Na ponta majestosa da montanha

E em nós aponta

A consolidação de uma amizade

De anos sem conta.


Paulo Hejel

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

OUÇAMOS,

O som mudo que nos cala!!!

VEJAMOS,

O invisível que nos cerca!!!

E sempre...

DUVIDEMOS de tudo


Paulo Hejel

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Opostos

A solidão

Me trouxe compania

A noite

Inimiga do dia

Que sempre Ju dia


Paulo Hejel

Sonho de Dédalo

A Lua desponta no alto

E eu

Num salto

Me dou conta

Que sempre posso

V O A R

M A I S

A L T O


Paulo Hejel

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Que Pena

A Pena em mim,

Não nasceu.

Apenas...

O Sonho de voar



Paulo Hejel

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Devaneios

Espremo minha vida

Aperto minha alegria

Um deserto me consome

Como alento,

Meu equilibrio é que some.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Mistérios de Mulher

Vermelha, rubra, rústica

Útil, inútil, símbolo fútil

Oh bolsa! Quantos mistérios há em ti

sábado, 6 de setembro de 2008

Ah! Que vontade de alegria

Já dizia o magno poeta:

"...Os livros sabem de tudo.
Já sabem deste dilema.
Só não sabem que, no fundo,
ler não passa de uma lenda."

        Hoje nada me parece naturalmente belo. O clima corroborou para que meu mundo fosse me jogado às vistas. Ou minhas vistas só enchergam em certas condições climáticas? Não sei, só sei que hoje parei pra pensar as verdades e os vazios.

        Hoje conversei comigo como há muito não conversava, com o corpo semi repousado sobre o peso do existir e a alegria da possibilidade de não ser, me pus a pensar. Um lampejo de dor e uma certeza da sua constância, talvez a única constância que realmente tenho e a única coisa que me faz real compania, me tomou no braços e me ninou. Me contou calma e friamente que todos anseamos por um abraço, nascemos e corremos para ele... o abraço da morte. Que é como o dia frio e chuvoso, que obriga a todos a esconder-se, encolher-se e sentir-se impotentes. Abandonados a própria sorte. Mas um abraço gostoso, acalentador e calmo.

        Hoje me dei conta que existo, e que a certeza do existir é não existir.

 

terça-feira, 26 de agosto de 2008

 

Um coração ainda pulsa

 

Hoje elas me visitaram

Brincaram em minha face

Espalharam um sabor nostalgico sobre ela

Acariciaram-me, como que para agradar

E disseram que ficariam por muito tempo

Marotas e intrusas chamaram compania

Primeiro achegou-se ele:

Altivo

Com ar de arrogancia

O desespero invadiu-me

Depois, ocupando todo o espaço existente

veio a angustia

Sufocante

Negra como os urubus

Ahh........................

Pesada

Mortal...

 

Por fim, chegou ele...

Imponente

Majestoso...

Levado como uma criança...

Sábio como um ancião!

O riso veio anunciando que estou vivo

Sim, vivo!

 

Vivo! Por que sei sentir

Vivo! Porque ainda sei chorar

sábado, 23 de agosto de 2008

Deus qui nóis ajude

Estou perplexo com o que acabei de ver e ouvir. Meus olhos e ouvidos entraram em profunda crise entre o desejo de existir e o medo de passar por tal circunstância novamente.
Acabaram de entrar na minha casa, no recôndito e escondido lar em que habito, os candidatos a vereador das eleições ponta-grossenses 2008. Vieram pelo ar, qual aves de rapina alucinadas por sua presa suculenta, gorda e apetitosa. Vomitaram sobre mim toda a sorte de barbáries, "ogrocisses", infameis frases de sonoridade duvidosa tanto quanto a índole e a alfabetização dos que a pronunciam.
O pior de tudo isso é que não invadiram meu abrigo anti-aéreo, eu os convidei para entrar, eu apertei um mágico botão que os tele transportou até aqui. Esse mesmo botão se acionado mais uma vez poderia mandá-los pra bem longe, para aquele lugar que todos sabemos onde fica, mas que não convém que pronunciemos e muito menos que digitemos. Mas não o fiz. Hipnotizei-me diante deles! Perplexo, assustado, desesperado pelas coisas que ouvia e via fiquei na vã tentativa de ainda haver algo que fizesse valer a pena e que me tirasse daquele estado de hipnose e tensão. Mas, nada de novo no céu de Ponta Grossa, os minutos iam passando, e assim como o nariz do trabalhador do cortume também meus olhos e ouvidos iam acostumando-se com aquilo que é a metáfora do que produzimos em nossas latrinas. Uma visão e audição fétida, nauseante e de um poder alucinógeno incomensurável. Quando me dei conta eu ria, ria como alguém movido pelo efeito do THC. Ria por acreditar que o que via era uma alucinação e que não, eu não serei obrigado a escolher um dentre eles pra me representar e clamar por mim minhas necessidades.
Palavras saiam quais mísseis da TV, e eu já não podia defender-me, e sempre que era atingido o riso me saia mais frouxo, alto e alucinado. “Não aceite o que não é visto, vote no previsto”. “Eu tenho três (3) propostas: Saúde, educação, esporte e lazer” e assim ia. Expressões amórficas, entonações sem sentido, olhares vitrificados, piadas infames, propostas absurdas e toda sorte de idiotices que um ser humano possa tolerar.
Ai me pergunto: votar em quê? Teremos que fazer a crucial escolha do mal menor? Abster-se? Gritar? Ou nos unirmos a eles e nos tornarmos macacos circenses já que por estes somos representados??? Parem por favor, isso dói!!!!
Como disse um deles: “Deus qui nóis ajude”!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

"-?"

E o ponto de interrogação

que me sai de intrometido;

entra no meio da frase

e deixa tudo sem sentido.

Kamila Babiuk


Desculpa Kamila, mas não resisti, são raras as coisas não minhas que publico aqui, mas essa é perfeita d+ pra não ser amplamente divulgada!!!!

DEVOLVA-ME

Quem me roubou as letras?

Quem me roubou os sonhos?

Quem me roubou a dor de viver?

Quem me roubou????

DEVOLVA-ME

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Des Com Passo

Que laços me prendem a teus passos

Que passos te guiam agora



Que hora eles a trarão

Pra mim...

... Tão seu

Que já não sei se sou

Ou apenas passo...

... Descompasso

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Vai Vida Vulnerável...

Viver Vida Vasta... Vaidade Vã.

Vida! Virtude Velada, Vaga Viagem.

Vai Virando, Vai Vento Vacilante.

Vai Vida, Vagueando, Vulnerável, Veloz.

Vai, Ex-Vai.

sábado, 26 de julho de 2008

Sem as mulheres o mundo seria..... Seria????
Sim, concordo com vc Mestre Aparicio!!!!!!!!!!!

domingo, 29 de junho de 2008

Domingo

Hoje me deparei com uma cena inusitada. Saí pra passear nesse domingo ensolarado, onde as pessoas estão todas felizes, afinal, é tempo de festa junina. Tempo de comprar e tempo de vender, mais uma ocasião de comércio. Sentei em uma praça, (sem querer), em frente a um parque de diversões, desses comuns, com balança, gangorra e gira-gira. Ali vi o mundo passar diante dos meus olhos. Casais felizes a brincar com suas crianças, pais e mães dividindo as tarefas da educação. Porém, duas cenas me chamaram a atenção. Um pai que produzia bolinhas de sabão para sua filha enquanto essa corria atrás delas tentando alcançá-las. Cena de beleza indescritível, os dois sorriam o tempo todo. A mãe, ao lado dos dois, só observava, assim como eu, e também ria, ria muito, ria um riso terapêutico. Do outro lado, mas no mesmo cenário, um senhor, com seus mais de 70 anos, vestido como bons homens da década de 1930, chapéu, calça social, sapato, camisa e colete azul, bengala em punho e sorriso no rosto. Entra no locus sacer onde as crianças, com seus pais, brincavam. Mergulha no mundo delas. Sem pedir licença e sem protocolos, possuindo a pureza das outras crianças, começa também a brincar. Gira um menino no brincando que fora feito pra esse fim, o menino ri para aquele estranho de rugas no rosto, sem palavras louva a sua senilidade, e sem saber devolve a vida, a muito vivida, à aquele simples e já cansado homem. Depois de feita a alegria de ambos, senhor e criança, o senhor sai, se aproxima de uma menina, sozinha ao balanço e começa a participar do sonho e do desejo dela, voar, mesmo que na imaginação, voar.... O velho como Dédalo para Icaro, dá asas a menina e à sua imaginação, Ela, prontamente acaricia a face cansada daquele senhor com o mais puro dos sorrisos, o sorriso de criança. E ambos viajam em sua imaginação. A do velho, uma imaginação nostálgica, a da menina uma imaginação em formação, em construção que acredita ser realidade aquilo que para o velho é passado saudoso. Cenas mágicas, cenas únicas, que me fizeram desejar saber pintar, para eternizar esses dois momentos, de beleza rara, em uma tela, tão bela como os risos que recebi. Risos que me acariciaram a alma e a fizeram repousar...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Risos de Beleza

Traz companhia em meio ao abandono

Alimenta em mim o riso e o choro

Faz cócegas em minha alma

A arte me acalma



A arte me acalma

Faz cócegas em minha alma

Alimenta em mim o riso e o choro

Traz companhia em meio ao abandono


Paulo Hejel

sábado, 21 de junho de 2008

As mãos da solidão

Atendendo a um pedido "inegavel" criei rapidamente essa homenagem. Homenagem a dois seres de beleza rara... A Clara e a Solidão!!!!


Os teus braços ninam meu coração
Suas mãos suaves, mais que a chuva
Me tomam, me levam, me entorpecem...
Como é doce dormir em ti, meiga solidão

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Noites frias são ótimas amantes


Dias frios me encantam, sempre os amei e ainda os amo. Noites frias são as minhas mais fantasticas amantes. Noites quentes são amores furtivos, que desejo que passem rápido, onde o contato corporal fica maculado pela sensação desconfortável de um calor incomodo. Noites frias são amantes eternas, preferimos por vezes morrer à deixar qualquer abraço que nos acalente (mesmo que esse abraço seja da nossa cama e suas cobertas) e afaste de nós o frio arido de nossos corpos e almas. Amo o frio porque ele me joga na solidão, no desejo de estar em casa, de estar só... O frio me faz pensar mais, refletir mais. Pasmei ontem quando, as 23 horas, encontrei somente 25% de meus amigos virtuais, que costumeiramente estão presentes no estranho ponto de encontro de pessoas que não se encontram, o msn. (Em relação a esse fantastico e assutar meio de comunicação falarei outro dia). Onde estavam as outras 75%? Gosto de imaginar que estavam em suas camas, mergulhadas em sua mais fantastica solidão e aconchego, abraçadas pelo calor produzido por seus próprios corpos e pensando em suas vidas, suas dores e alegrias. Estavam fazendo amor com suas almas. Ou ao lado de pessoas que amam, unindo corpos anatomicamente planejados, que se aquecem e se sentem confortáveis, corpos que se necessitam, corpos que se abrigam, corpos unidos pela paz que só o frio traz. Uma paz sustentada pelo medo da ausência. Por isso amo as noites frias, elas são romanticas, eles permitem que eu me ame, que eu me sinta, que eu me toque. Permitem também que eu ame a outros, queira tocá-los, queira me aconchegar e ficar, ficar ali parado, olhando para nada. Amemos as noites frias, nos entreguemos a elas sem nenhum pudor e deixemos que ela nos leve para além de nós mesmos.
Paulo Hejel

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Saúde mental - Rubem Alves

Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei. Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia. Eu me explico.Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maikóvski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. van Gogh se matou. Wittgenstein se alegrou ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakóvski suicidou. Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos.Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias se comportam bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado, nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, basta fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme!), ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, que tenha a coragem de pensar o que nunca pensou. Pensar é coisa muito perigosa...Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idiotas de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental. É claro que nenhuma mamãe consciente quererá que o seu filho seja como van Gogh ou Maiakóvski. O desejável é que seja executivo de grande empresa, na pior das hipóteses funcionário do Banco do Brasil ou da CPFL. Preferível ser elefante ou tartaruga a ser borboleta ou condor. Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego. Mas nunca ouvi falar de político que tivesse stress ou depressão, com excessão do Suplicy. Andam sempre fortes e certos de si mesmos, em passeatas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos. Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas se chama hardware, literalmente coisa dura e a outra se denomina software, coisa mole. A hardware é constituída por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. A software é constituída por entidades espirituais - símbolos, que formam os programas e são gravados nos disquetes.Nós também temos um hardware e um software. O hardware são os nervos, o cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo espirituais, sendo que o programa mais importante é linguagem.Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos, somente símbolos podem entrar dentro dele. Assim, para se lidar com o software há que se fazer uso de símbolos. Por isso, quem trata das perturbações do software humano nunca se vale de recursos físicos para tal. Suas ferramentas são palavras, e eles podem ser poetas, humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas.Acontece, entretanto, que esse computador que é o corpo humano tem uma peculiaridade que o diferencia dos outros: o seu hardware, o corpo, é sensível às coisas que o seu software produz. Pois não é isso que acontece conosco? Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos do Drummond e o corpo fica excitado.Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e acessórios, o software, tenha a capacidade de ouvir a música que ele toca, e de se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta, e se arrebenta de emoção! Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei, no princípio: a música que saía do seu software era tão bonita que o seu hardware não suportou.A beleza pode fazer mal à saúde mental. Sábias, portanto, são as empresas estatais, que têm retratos dos governadores e presidentes espalhados por todos os lados: eles estão lá para exorcizar a beleza e para produzir o suave estado de insensibilidade necessário ao bom trabalho.Dadas essas reflexões científicas sobre a saúde mental, vai aqui uma receita que, se seguida à risca, garantirá que ninguém será afetado pelas perturbações que afetaram os senhores que citei no início, evitando assim o triste fim que tiveram.Opte por um software modesto. Evite as coisas belas e comoventes. Cuidado com a música. Brahms e Mahler são especialmente perigosos. Já o roque pode ser tomado à vontade, sem contra indicações. Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do Dr. Lair Ribeiro, por que arriscar-se a ler Saramago? Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. A saúde mental é um estômago que entra em convulsão sempre que lhe é servido um prato diferente. Por isso que as pessoas de boa saúde mental têm sempre as mesmas idéias. Essa cotidiana ingestão do banal é condição necessária para a produção da dormência da inteligência ligada à saúde mental. E, aos domingos, não se esqueca do Sílvio Santos e do Gugu Liberato.Seguindo esta receita você terá uma vida tranquila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, ao invés de ter o fim que tiveram os senhores que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já não mais saberá como eles eram.

Esse cara é o melhor do mundo!!!!

terça-feira, 27 de maio de 2008

Demonios da madrugada!!!

A vida é um sopro leve
Que leve passa
Passa e leva
Uma leva de insanidades.....

Paulo Hejel

Bobeiras da noite, noites inteiras, pensando bobagens, bebendo besteiras!!!!!

domingo, 25 de maio de 2008

Eu queria dizer...mas ele disse por mim!!!!

"Que capacidade impiedosa essa minha de fingir ser normal o tempo todo!!"
Raul dos Santos Seixas

terça-feira, 13 de maio de 2008

A Flor e a Nausea

Sei que a idéia era postar só textos meus....
Mas não tem como, isso é transcendental....indiscritivel....
hdhqdahdfiuwefbciufwf7


A Flor e a Náusea

Preso à minha classe e a algumas roupas,
Vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me'?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Carlos Drumond de Andrade

domingo, 11 de maio de 2008

Eu quero uma casa no campo...








A Elis também sofria do terrivel antogonismo da necessidade de presença e ausencia. Ela também queria uma casa no campo, queria compor rock's rurais, um lugar pra plantar somente os amigos, discos e livros. Acho que isso é o paraiso, o tão sonhado paraiso... Proclamado, prometido e até comercializado por inumeras pessoas e religiões. O paraiso é o lugar onde nos sentimos bem, onde nada nos aflige e tudo e todos que gostamos estão sempre presentes. Mas será que lá, lá no paraiso, esses nossos amigos, esses nosssos discos e esses nosssos livros dirão só o que nós gostamos e nos agrada ou eles também terão liberdade de dizer e sentir o que bem quiserem. Aqui, na minha casa, no meu locus sacer eu já posso ter todos os elementos que compõe meu paraiso. E porque então ele não se realiza. Será que é por que meus amigos se movem e falam? Por que meus livros gritam comigo e meus discos teimam em me dizer verdades que eu não quero ouvir.
Queria ter comigo o presente sempre ausente, quero ter como companhia a saudade de tudo o que já vivi e que hoje são momentos congelados na minha cabeça, que é o universo de mim. Saudade não é exatamente isso?...A incrivel e misteriosa presença do ausente? Ai sim a vida é paradisiaca....Quando eu vou buscar meus amigos, discos e livros no momento que eu quero e como eu os quero. Egoismo? Não acho que não. Gosto mais do termo sinceridade! Afinal quem de vocês que me lê agora não gostaria de ter um controle remoto universal, como aquele do filme click, pra parar, adiantar e voltar cenas do grande espetáculo que é a nossa vida. Espetaculo onde nem sempre mocinhos são mocinhos, bandidos são bandidos, beijos arrancam suspiros e fazem o final ser feliz.

Sabio Renato Russo....

O livro dos dias
Ausente o encanto antes cultivado
Percebo o mecanismo indiferente
Que teima em resgatar sem confiança
A essência do delito então sagrado
Meu coração não quer deixar
Meu corpo descansar
E teu desejo inverso é velho amigo
Já que o tenho sempre a meu lado
Hoje então aceitas pelo nome
O que perfeito entregas mas é tarde
Só daria certo aos dois que tentam
Se ainda embriagado pela fome
Exatos teu perdão e tua idade
O indulto a ti tomasse como bênção
Não esconda tristeza de mim
Todos se afastam quando o mundo está errado
Quando o que temos é um catálogo de erros
Quando precisamos de carinho
Força e cuidado
Este é o livro das flores
Este é o livro do destino
Este é o livro de nossos dias
Este é o dia de nossos amores

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Quero Algo Mais....

Hoje chove! E a chuva sempre me causa sensações interessantes, sim interessantes, por que elas me interessam e eu interesso a elas. Acho que nós nos amamos, eu e minhas sensações. Por isso conseguimos conviver tantos anos juntos. As vezes acho que elas são as únicas que conseguem conviver longamente comigo. E foi em meio a essa chuva, única e exclusiva, igual a todas as outras (gostei desse trocadilho), que senti vontade de visitar coisas antigas e sempre novas...coisas que já foram mas que ficaram. E ficaram mais intensamente do que quando ainda estavam. A Elis começou me falando que ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais (Como Nossos Pais - Elis Regina). Concordo com ela, ela é uma de minhas mães, e só por isso concordo com ela, afinal, você... (é! bem você! que está lendo isso), já percebeu que só concordamos com aqueles que pensam como nós? Não amamos os outros, amamos nós no outro. Somos egoístas por excelência, até mesmo quando estamos ajudando, sempre por nós e para nós. Como já dizia Raul..."O meu egoísmo, é tão egoísta, que o auge do meu egoísmo é querer ajudar." (Carpinteiro de Mim - Raul Seixas), esse cara era sábio, muito sábio, absurdamente sábio. E a Elis ainda me disse: "Quero lhe contar como eu vivi e tudo que aconteceu comigo" e o que aconteceu com ela me incomoda e me enlouquece todos os dias... "Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos. Ainda somos os mesmos e vivemos...Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais". Porém, me angustiou mais ainda questionar, se um dia eu, também eu, ficarei em casa guardado por Deus, contando vil metal? Ou será que já estou em casa guardado por algo e cotando alguma coisa? Pois afinal, gosto de Raul por que penso como ele: "Não sei por que nasci pra querer ajudar a querer consertar o que não pode ser..." As vezes, quase sempre penso em parar, parar de querer ajudar a consertar o que não pode ser... Ai, converso com o pessoal dos Mutantes e eles me lembram que já tentaram e não conseguiram: "Eu quis cantar minha canção iluminada de sol. Soltei os panos sobre os mastros no ar. Soltei os tigres e os leões nos quintais. Mas as pessoas na sala de jantar são ocupadas em nascer e morrer." (Panis et Circenses -Gilberto Gil e Caetano Veloso). Somente nascer e morrer, assim como já fizeram os nossos pais, e os pais de nossos pais, e os pais dos pais de nosso pais, e os pais dos pais dos pais de nossos pais... Deus! Quantos ais, e nada mudais. Será que é porque nós é que temos de mudar sozinhos? Mas as pessoas na sala de jantar são ainda preocupadas em nascer e morrer... Mas clamei como Gessinger pedindo que a chuva me trouxesse alivio imediato. Fui ouvindo, na verdade não, eu é que ouvi, ouvi meu amigo Raul mais uma vez: “E se a vida pede a morte talvez seja muita sorte eu ainda estar aqui” (Quando eu Morri – Raul Seixas). É, eu estou aqui e sei que viver é melhor que sonhar, eu sei que o amor é uma coisa boa. Mas também sei que qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa. E então decidi convidar a todos, para que ouçamos Os Mutantes e mudemos e decidamos nascer, fazer algo mais, e morrer...

Olha meu irmão Vamos passear
Vamos voar
Tira a partida
Acelera a vida
Vamos amar
Ande depressa
A vida tem algo Mais pra lhe dar
Olha meu irmão
Vamos passear
Vamos voar
Vida no tanque
Subiu no sangue
Vida no ar
Ande depressa
A vida tem algo
Mais para lhe dar
Giro aflito Beijo e grito
Algo mais
Algo mais

(Algo Mais - Os Mutantes)

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Isso é um GÊNIO ou LOUCO, ou GÊNIO LOUCO
Entrevista com Cazuza

terça-feira, 29 de abril de 2008




SOBRE COMO NASCEM OS GÊNIOS...OU LOUCOS....OU GÊNIOS LOUCOS

Um misto de amor e dor invade o peito e estremece as entranhas dos seres escolhidos para hospedar a genialidade. Escolhidos não por um designo divino ou pelas sutis linhas do destino, mas, escolhidos pelos devaneios da tirana vida que, de quando em quando, resolve brincar com pessoas e arrancar delas o que de mais profundo a raça humana pode possuir. Arranca-lhes a essência, o âmago, o útero gerador de vida para si e para os outros. Como já disse um dia um desses gênios, “Pois eu fui puxado a ferro, arrancado do útero materno, e apanhei pra poder chorar.” (Quando Eu Morri - Raul Seixas) Esse arrebatamento da genialidade sempre envolve os elementos primordiais, tão antagônicos e sempre tão unidos, que por força da irracionalidade podem ser uma coisa só. AMOR e DOR. Palavras curtas e simples, com significados tão profundos e tão loucos. Residência de devaneios, suspiros e tragédias. Até que chegam aqueles dias e momentos que parecem eternos, em que a gente só quer dormir cedo pra noite passar depressa e não poder nos agarrar. Noites de garras de aço, que nos cortam em mil pedaços... e no outro dia temos que nos remendar. Esse é o nosso mundo, nem feio, nem ruim, muito menos insuportável Apenas nosso! Presente da louca vida, sempre presenteando com sua loucura os seus escolhidos. Gênios sempre mal compreendidos, principalmente pelos seus e em seu tempo. Seres que oscilam entre os malditos e os inocentes. Seres sufocados pela incompreensão. Que gritam como gritava Cazuza: “Me deixem amolar e esmurrar a faca cega, cega da paixão... Não escondam suas crianças não, e nem chamem o sindico, nem chamem a policia, nem chamem nenhum hospício não, eu não posso causar mal nenhum a não ser a mim mesmo, e não ser a mim.” (Mal Nenhum - Cazuza). Gênios ou loucos, ou gênios loucos. Isso não interessa, interessa que são pessoas que preferiram “Explodir, à queimar aos poucos” (Janis Joplin), e que por isso deixaram atrás de si um rastro eterno e de uma profundidade inalcançável, apenas “intuível” . Afinal, precisamos ser loucos ou gênios ou gênios loucos para intuir as sensações que tiveram os grandes nomes da genialidade mundial. (ver Leminski) Como sentir prazer ao ouvir Beethoven (não os grunhidos do cão, mas a melodia do gênio) se também nós, assim como ele, não tivermos as nossas oscilações entre a docilidade e a agressividade? Por isso que acredito que “nós os malucos vamos lutar pra nesse estado continuar nunca sensatos nem condizentes, mas parecendo super contententes... (...) vamos incertos pelo caminho, nos comportando estranhos no ninho... (...) Mais todo mundo que é genial nunca é descrito como normal.” (Hino dos Malucos - Rita Lee). E como disse mais um desses loucos/gênios, Salvador Dali, “eu vou ser tão breve que na verdade já terminei”.


Sugestão de filme: Minha Amada Imortal

domingo, 27 de abril de 2008

Fragmentos de mim!!!!


Hoje eu acordei mais cedo, tomei sozinho um chimarrão, procurei a noite na memória, procurei em vão... Acordei querendo conversar com um dos meus genitores, aquele que um dia me disse que as nuvens não eram de algodão. Em meio a conversa, pensando bobagens, bebendo besteiras, percebi que esse espaço que estou criando é na verdade um lugar comum onde qualquer um se esconde, pra fazer a frase feita, e sentir os efeitos colaterais. É um lugar nenhum, um mundo virtual e estranho, que me faz lembrar a experiência que vivi uns 5 ou 6 anos atrás fazendo programa de rádio... sempre me perguntava, "há alguém me ouvindo ou minhas palavras ecoam mudas em um espaço inexistente que não sei onde fica e nem como funciona?" Essa é a sensação que me apanha agora e então dentro de mim grita: Como se chama essa cidade?? Como se chama atenção? De uma cidade que dorme, enquanto a gente, infelizmente, não? Amanhã numa cidade diferente, não haverá diferenças no ar as noites passarão do mesmo jeito as estrelas estarão no mesmo lugar? Como se chama essa cidade?? como se chama atenção, de uma cidade que morre enquanto a gente, mente que não?
Mas enfim... Já vivi tanta coisa, tenho tantas a viver. Tô no meio da estrada e nenhuma derrota vai me vencer. Hoje eu acordei livre: não devo nada a ninguém, não há nada que me prenda.
Musicas utilizadas:

sábado, 26 de abril de 2008

A crise dos 27, ou... o desejo de fazer história!!!!



Por muito tempo eu Parei, Olhei, Escutei...Agora chegou também a minha vez de lançar palavras ao mundo. Começar a elencar os bens que um dia deixarei como herança aos meus filhos. Filhos que não pretendo ter, filhos que já tive. Afinal o conceito de filhos é tão amplo, ao menos para mim é. Heranças materiais para mim são idiotices vãs. Herança mesmo é deixar para as pessoas que amo um pouco do que sou, pois sou um mosaico de muitos poucos que foram entrando em mim. Sou filho de muitos seres, muitos dos quais nem fazem idéia que ajudaram a me gerar e me fizeram nascer. Mas, nas minha palavras o DNA de todos eles pode ser encontrado. Aos curiosos, que desejam saber quem são esses meus "muitos pais" me acompanhem nessa lunatica viagem, e saberão quem me ensinou a falar, com a boca e com os dedos!!!